Sobre flores e amores
domingo, 30 de maio de 2010
 
25 anos.
Mal acredito que cheguei até aqui.
Aos 13, imaginava que com 20 anos já estaria casada, quase formada, e prestes a ser mãe.
Confesso até que, ao final da adolescência, lá pelos 17 ou 18 anos, era louca por vestidos de noiva e às vezes entrava em alguma loja para provar alguns.
Mas o tempo foi passando, e a minha vida também. Meus planos não foram concretizados. Na verdade, estou muito longe de tudo o que imaginava. Ainda hoje, nem se quer tenho um namorado, que dirá um marido e filhos.
Namorei pouco na vida, levei todas as minhas paixões a sério, mas acho que não me encaravam da mesma forma.
Foi quando eu estava quase desistindo de tudo aquilo, que surgiu um novo amor...
Era verão, época de férias, e estava com toda a família numa praia qualquer, cheia de gente, de areia e água - tudo o que não combina muito comigo.
Já que havia acordado antes do sol aparecer por completo no céu, resolvi sair um pouco, olhar tudo antes que as pessoas lotassem cada centímetro daquele lugar.
Só não esperava ser atropelada por uma bicicleta em alta velocidade!
Foi uma cena tão ridícula e rápida, que sequer tive tempo de sentir vergonha ou raiva, até porque mal consegui entender o que havia acontecido.
Mas se o atropelamento era inesperado, o pseudo assassino era ainda mais.
Como é que alguém conseguia ser bonito daquele jeito?
Tinha o queixo quadrado, olhos castanhos cheios de longos cílios e as sobrancelhas retas definiam o rosto verdadeiramente masculino. Enquanto me pedia mil desculpas, notei que tinha covinhas muito charmosas.
Depois do incidente, achei melhor voltar para o apartamento onde minha família e eu nos alojamos.
No caminho, parei na padaria para comer alguma coisa por ali mesmo.
Quando cheguei na portaria do prédio, minha mãe me olhou assombrada, saiu correndo em minha direção e perguntou se haviam me assaltado.
Expliquei rapidamente a situação e fui para o quarto, descansar um pouco e me reconstituir do susto.
Decidi que não sairia mais dali até o final do dia. Mas se soubesse que não tinha almoço, não teria me iludido dessa forma.
Encontrei meus pais e irmãos num restaurante à beira-mar, por volta de uma hora da tarde.
Comi um filé de peixe e já estava voltando ao apartamento, quando ouvi uma voz me chamando. Não disse meu nome, mas senti que era comigo.
- Moça! Como vai? Lembra-se de mim?
- Claro que me lembro. - respondi com a expressão séria - Você é o ciclista que quase me matou enforcada nas correntes de sua bicicleta hoje cedo, não é?
- Sim, sou eu mesmo... - disse, sem graça, com um sorriso meio bobo que evidenciava aquele furinhos fofos em seu rosto - Olha, fiquei meio chateado pela forma de nos encontrarmos e gostaria de tirar a má impressão. Seria muita ousadia se te chamasse para dar um volta aqui pela praia esta noite?
Fiquei meio sem reação, afinal, era só um desconhecido bonito que me atropelara mais cedo. Mas acabei aceitando.
Foi pontual. Às sete e meia estava de pé, do lado de fora da portaria do prédio.
Vestia uma bermuda branca, sandálias de couro e uma camiseta muito simples, de tecido fino e cor cinza. Estava de fato muito bonito.
Eu também não me preocupei muito com as roupas, coloquei o primeiro vestido floral que encontrei e um par de sandálias rasteiras. Também fiz um rabo-de-cavalo para não me preocupar com o cabelo voando no rosto.
- Você está linda! - disse ele.
- Obrigada... Você também está muito bem.
- Sabe, ainda estou meio sem graça com o que aconteceu. Será que você realmente me desculpou?
- Claro que sim, imagina. Só ficaram uns arranhões... A parte interessante é que eu não vou me esquecer de você enquanto todas essas marcas não sumirem! - ri, discretamente.
- Vou te contar uma coisa, então: mesmo sem marcas, não te esqueci o dia todo. Aliás, confesso que fiquei muito feliz quando te vi pronta para atravessar a avenida.
- Ah, é?
- É sim. Não é todo dia que eu vejo uma garota branquinha assim na praia.
- Quer dizer que ser branquela é algo que te excita?
- Não, não foi isso que eu quis dizer! - começou a ficar mais sem jeito do que antes, e as palavras se enrolavam em sua boca - Não que não seja bonito, mas é que é muito difícil encontrar alguém de pele tão clarinha na praia, se é que você me entende...
- Claro que entendo, não precisa ficar nervoso - ri, um pouco mais à vontade - É que o sol e eu não formamos uma dupla de muito sucesso.
Ele riu, charmoso, e eu me prendi naquele sorriso.
Ainda nem sabíamos o nome um do outro, e já nos sentíamos tão ligados, tão próximos.
Ficamos nos olhando por alguns segundos, até que ouvi um barulho que há anos não ouvia: era o carrinho do sorveteiro.
- Olha lá! - gritei - Vamos comprar sorvete?
- Vamos apostar quem chega primeiro!
- Quem perder paga o sorvete?
- Combinado.
Parecíamos duas crianças correndo atrás do carrinho, mas foi algo que, por alguma razão, me trouxe uma grande sensação de liberdade.
É claro que ele chegou primeiro, mas foi cavalheiro o suficiente para pagar os sorvetes.
Pediu um de menta com chocolate e me perguntou qual sabor eu preferia. Acabei pegando o mesmo.
- Que delícia! Nunca tinha experimentado. Lá na minha cidade não deve ter... Não tem quase nada mesmo.
- É a especialidade desse cara. Por aqui, acho que só ele é que faz.
Passamos a noite toda conversando banalidades, também falamos de política e cinema, comentamos sobre futebol e, finalmente, nos apresentamos.
Mal vi a hora passar. Quando olhei no relógio já era quase meia-noite.
- Tenho que ir. - afirmei - Amanhã tenho um longo dia de viagem.
- Mas vai voltar, tão cedo?
- Pois é... Tenho que voltar ao trabalho, muita coisa me espera lá em casa.
- Qualquer hora dessas, vou te visitar. Posso?
- Pode. - respondi, mas duvidando que fosse realmente.
- Me passa seu telefone? Chegando lá, te ligo.
Passei meu número, achando que nunca mais o veria, que seria só um caso platônico e passageiro na minha vida solitária.
No dia seguinte, arrumei minhas coisas e, chegando ao térreo, o porteiro veio gritando, com algo nas mãos.
Era um rosa, junto com um bilhete que dizia "te vejo na próxima semana".
Não levei muito a sério, depois de dois dias, acabei até me esquecendo do fato.

No final de semana seguinte, meu telefone tocou.
Quando atendi, reconheci a voz do outro lado:
- Eu disse que viria te ver, não foi? Agora só me falta o endereço.
Fiquei pasma. Não conseguia pronunciar uma só palavra, e um sorriso besta ficou estampado no meu rosto.
- Você está aí? - insistia a voz.
- Estou, me desculpe! Fiquei sem reação, não esperava que viesse.
- Mas eu disse que viria.
- Sim, mas... Onde é que você está?
Me explicou mais ou menos onde estava e logo imaginei que fosse o parque, próximo à avenida principal da cidade.
Fui ao seu encontro.
- Você está ainda mais bonita do que na última vez que nos encontramos.
- E você, mais galanteador.
- Estou falando sério, está linda mesmo!
- Ora, obrigada. - respondi meio sem graça.
Ficamos mudos por alguns instantes, apenas contemplando o momento.
Ele me seguiu até minha casa, deixou o carro lá e entrou no meu, para que pudéssemos ir juntos a algum lugar.
Passamos uma tarde incrível, visitamos vários pontos turísticos da cidade e, ao anoitecer, resolvemos jantar.
Paramos em um restaurante japonês, comemos alguns sushis, mas decidimos que o ideal seria um cachorro-quente.
Seguimos para a barraquinha de lanches que ficava perto de casa. Comemos e ficamos ali sentados, conversando.
Uma hora depois, ele se levantou e disse:
- Devo ir agora, ainda preciso de um hotel! Me esqueci desse detalhe quando cheguei.
- Você não vai ficar em nenhum hotel, seria uma ofensa! Vamos. Você é meu hóspede.
Arrumei um colchão e cobertas para que ficasse na sala, mas fiquei junto a ele, vendo filmes, até pegarmos no sono.
Ao acordar, no dia seguinte, me deparei com um café da manhã lindo, cheio de coisas gostosas.
- Calma aí, eu é que deveria te servir assim! - disse eu, com um leve sorriso.
- Você me hospedou, é meu dever agradecer.
Quando olhei para aquele sorriso, para aquelas covinhas e para aqueles olhos tão bonitos, não resisti. O beijei.
Passamos o resto do final de semana como um casal de namorados.
Mas como tudo o que é bom acaba cedo, logo deu a hora de voltar. Afinal, Ele também tinha sua vida lá na praia, tinha coisas a fazer.
E então, alguns meses se passaram, já estamos no inverno, e não o vi mais.
Não sei o que aconteceu.
Mas assim como as cicatrizes daquele atropelamento, as lembranças que tenho daqueles momentos tão livres e tão inocentes que passamos juntos, ainda estão todas aqui comigo, carregando uma história que poderia ter sido, mas que não foi.
Às vezes me pergunto se deveria ter ido atrás dele, ou se deveria ao menos ter ligado.
Talvez ele tenha pensado o mesmo.
Mas nenhum de nós fez nada, deixamos ficar só na memória.

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terça-feira, 18 de maio de 2010
 
A maior descoberta da humanidade foi o sanduíche de frango apimentado.
É claro que tem que estar acompanhado de um copo gigantesco de suco de laranja sem açúcar e muito, mas muito chocolate.

Este apartamento não é o mesmo sem o pirralho.
Acho que estou começando a descobrir uma ponta de carinho por ele, bem no fundinho do meu coração.

Ainda sinto sua falta, mas algo está meio diferente...
Que será?

Jenny

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segunda-feira, 17 de maio de 2010
 
Cara, não consigo acreditar que aceitei cuidar do pestinha.
Sim, ele está de volta. O primo.
É assustador pensar que enquanto eu vejo meus e-mails, ele está na sala, assistindo televisão (e eu torço para que não seja nada pornográfico).
Tenho medo de dar uns passos em direção ao sofá e me deparar com paredes sujas e riscadas, aparelho de som quebrado e tapete recortado.
O bom de lidar com tal criatura, é que vou percebendo como são as coisas, será uma experiência muito útil para meu futuro como mãe. Quer dizer... Se é que um dia serei mãe, porque achar um pai para as minhas crianças é que vai ser complicados. Baleias tem uma vida sentimental quase inexistente.
Acho que farei pipoca para encher a barriga dele e, quem sabe, depois não pega no sono, não é?
Ou quem sabe chame uma pizza com muito queijo.
O pior é que ele sempre quer sobremesa, mas aqui nunca tem nada (pelo menos nada que eu queira dar para o animal).
Um dia vou descobrir um carinho escondido por esse ser maligno.

É estranho cruzar com Jason no escritório... Só falta fazer de conta que não me conhece.
E a pior parte é que não consigo deixar de gostar dele! Sei lá, algo me prende nisso.
Tentei me envolver com Gabriel, mas não consegui. Quando saíamos juntos, o chamava várias vezes pelo nome de Jason, falava tudo sobre o escritório e nossos encontros desastrosos, dizia o tempo todo como havia sido apaixonada por ele. O problema foi descobrir que o verbo dessa última parte, estava conjugado de forma errada. Deveria estar no presente.

Jason, se você tivesse ideia de como eu te gosto e de como me faz falta, não seria tão cruel comigo.
Indiferença é pior que ódio.

Jenny

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domingo, 16 de maio de 2010
 
A história que não contei:

Algumas semanas antes do café, encontrei Jason.
Foi um encontro totalmente despretensioso, trombamos sem querer na saída do escritório e começamos a conversar e a seguir o mesmo caminho. Quando chegamos à estação do metrô, onde deveríamos tomar sentidos diferentes, ele perguntou se eu não gostaria de passar numa lanchonete com ele, onde havia o melhor lanche de pernil da cidade.
Claro que eu fui! Era sexta-feira, não havia nada a fazer em casa e, principalmente, nada para comer. O que poderia ser melhor do que trocar esse vazio pela companhia do cara mais bonito e charmoso que já conheci?
Não percebemos a hora passar. Quando nos demos conta de que estava cada vez mais frio e as pessoas que passavam pela rua estavam cada vez mais raras, olhamos para o relógio: já era madrugada.
Jason se ofereceu para me acompanhar até minha casa, e assim o fez.
Quando chegamos na porta do prédio, um carro passou e nos lavou completamente! Quase não acreditei! Todas as vezes em que estivemos juntos, alguma calamidade nos atingiu.
Então pedi que entrasse, pelo menos para tirar a roupa encharcada, pois estava muito frio. Poderia tomar um banho quente, um chá digestivo e pegar algumas peças de roupa que meu irmão havia esquecido na semana anterior.
Subimos pelas escadas. No segundo lance, ele segurou meu braço, para me chamar a atenção. Quando me virei, achando que algo estava acontecendo, me puxou pela cintura e me deu um beijo desses de cinema. Minha pernas quase não conseguiam me sustentar.
Lógico que não foi do jeito que eu sonhei, afinal as roupas estavam muito geladas, e ambos estávamos tremendo muito. Mas ainda assim foi surpreendente. Inacreditável.
Em seguida olhou para mim, e eu só conseguia olhar para meus pés de tanta vergonha. No mínimo me achou caipira e infantil. Mas sorriu, pude perceber. E continuamos a subir até o próximo andar, onde moro.
Jason foi tomar seu banho, fechou as portas do box, e abriu o chuveiro. Dei uns minutos e perguntei se poderia entrar para pegar minha toalha, pois assim, poderia tomar banho no outro chuveiro. Ele, é claro, me respondeu que sim.
Enquanto eu entrava, com medo de escorregar no piso umedecido, ouvi a porta do box correr lentamente, mas continuei olhando fixamente para a toalha.
Jason me pediu uma toalha que pudesse usar também, pois eu havia esquecido. Quando olhei para o lado para responder, deixei que tudo o que segurava caísse no chão, porque nunca o havia visto tão bonito como naquela cena.
A água escorria por seu rosto e contornava seus lábios. Seus olhos brilhavam com muita força.
Não resisti. Cheguei mais perto e o beijei.
Ele me puxou para debaixo do chuveiro.
Fui tirando a roupa aos poucos, nem me toquei do que estava fazendo. Me deixei envolver completamente.
Passamos a noite juntos. No dia seguinte, acordei mais cedo, dei um jeito no meu rosto, escovei os dentes e fui para a cozinha preparar um café da manhã com o que consegui achar. Corri na padaria e comprei pão e alguns frios.
Quando voltei, Jason estava saindo da cama.
Sorriu para mim com a maior cara de sono. Seus cabelos bagunçados o deixavam com jeito de moleque.
Havia sido uma noite realmente incrível.
Na segunda-feira posterior a melhor noite da minha vida, quando cheguei ao trabalho, encontrei um recado dele em minha mesa. Estava escrito algo como "Você é linda. Muito obrigada pela noite".
Achei fofo.
Mas depois disso, Jason simplesmente sumiu. Mal nos víamos pelo escritório, e quando acontecia de nos encontrarmos, ele era distante, nem sequer olhava para mim.
Se afastou novamente.
Tentei procurá-lo algumas vezes, mas nada do que eu fizesse surtiria algum efeito.
Me sinto completamente usada.
E é por isso que insisto na teoria de que o mundo deveria ser uma bolha de sabão.

Jenny
 
sexta-feira, 14 de maio de 2010
 
Acho que o mundo deveria ser uma gigantesca bolha de sabão, porque quando eu quisesse fugir dele, era só usar uma agulha.
Ainda bem que o dia de hoje terminou.

Jenny
 
terça-feira, 11 de maio de 2010
 
Entrou um cara novo no departamento comercial.
Chama-se Andy.
Não chega a ser bonito, mas é tão simpático que acabei achando a coisa mais fofa desse mundo.
Ainda é jovem, tem 27 anos, casado e tem dois filhos, um de dois anos e outro quase completando um.
Andy é moreno, alto, um pouco cheinho de corpo, mas tem uma postura incrivelmente elegante. Usa óculos muito discretos e está sempre sorrindo, mostrando suas graciosas covinhas!
Conversávamos durante o almoço, e ele me mostrava a fotografia de sua esposa, Grace. É completamente apaixonado por ela, achei a coisa mais linda.
Um dia encontro o "meu Andy"...
Bom, mas o que realmente interessa é que fiquei empolgada com a entrada de uma pessoa tão legal, é muito bom trabalhar com gente assim. Parece que o clima fica mais leve e as coisas fluem com mais facilidade.

Cruzei rapidamente com Jason hoje, durante o cafezinho. Até ganhei um abraço, olha só que (re)evolução!
Fiquei feliz por notar que a distância que eu vinha sentindo pode ter sido só fase ou, quem sabe, história da minha cabeça.
Preciso parar com essa paranóia!

Cara, fui ao supermercado hoje, após o trabalho.
Parei na farmácia para me pesar e a balança quase explodiu!
Estou gorda, sabia que minhas calças estavam ficando mais apertadas...
Acho que vou começar a usar vestidos de grávida, pelo menos assim não passo a impressão de que estou simplesmente gorda.
O mais irritante foi aquele pivete cabeçudo que ficou me vigiando, contando os quilos que a balança mostrava!
E ainda teve a cara-de-pau de comentar meu peso com sua mãe e dizer que eu era muuuuuuuuuuuuito pesada.
Odeio essa sinceridade das crianças.

Jenny

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sábado, 8 de maio de 2010
 
O café de ontem não me sai da cabeça!
Me lembro ainda de todos os sorrisos de Jason, é impossível não se derreter diante dele.
É tão estranho olhar para ele. Não sei se realmente desisti, como havia imaginado, mas me sinto diferente.
Deve ser a saudade que andei sentido.
Acho que a última vez que nos cruzamos e realmente paramos para conversar, foi antes de seu aniversário (o qual, aliás, eu me esqueci e só dei os parabéns uma semana depois, por e-mail).
Devia ter feito uma super festa surpresa de pós-aniversário lá no escritório, talvez sentisse que eu me importava mais...
O bom na conversa de ontem é que me senti um pouco mais liberta daquela obsessão que me segurava.
Claro, não dá para esquecer uma paixão (ainda que platônica) do dia para a noite, e encontrar com ele ainda mexe comigo. E muito, por sinal.
Mas ainda tenho esperança de que logo isso passe, mas que mesmo assim, possamos ser amigos, porque tem pessoas que não devem nunca sair de perto da gente.
Jason é diferente de qualquer outro que eu venha a conhecer.

Bom, hoje fui ao circo com ele. Não com Jason, claro. Com a peste do priminho.
Cada segundo ao lado daquela criatura equivale a horas de tortura.
Xingou o palhaço, quase apanhou do chimpanzé e ainda teve coragem de roubar para vencer a brincadeira da qual participou no picadeiro. Deixou a menina, sua adversária, chorando.
Achei que fossem chamar o IBAMA para me prender por tráfico de animais, porque estava louca para vendê-lo ao dono do circo.
Como é que pode? Não tem nem dez anos e já possui uma mente criminosa mais perigosa que a de um serial killer!
A mãe dele deve ter dado cintadas com fivela de aço quente quando era criança, porque não é possível ser tão revoltado.

Jenny

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sexta-feira, 7 de maio de 2010
 
É impressionante como, mesmo fora do curso, as coisas podem ser surpreendentemente boas.
Depois de muito tempo sem usar transporte público, hoje tomei o metrô.
É claro que estava completamente entupido de gente, todo mundo se amassando e perdendo o equilíbrio (e só para variar, eu fui a primeira a perdê-lo).
Consegui entrar no último vagão, que estava bem menos cheio, poucas pessoas estavam em pé. Como entrei correndo, meio atrasada, o motorista arrancou com o trem no exato momento em que eu coloquei o segundo pé para dentro daquele enorme caixote motorizado.
Era de se esperar que eu perdesse meu equilíbrio e tombasse levemente para o lado, mas como desgraça pouca é bobagem, não só caí, como também deslizei de barriga para baixo como um pinguim na neve, até o final do vagão, e fui de boca nos pés de alguém que estava sentado no último banco.
Não bastasse o vexame, quando olhei para o rosto do dono dos sapatos que havia lambido, era justamente ele!
Era Jason! E ele me encarava estupefato, sem saber o que fazer.
Quando recobrou o fôlego, me ajudou a levantar e começou a rir. O máximo que fiz foi soltar um sorrisinho amarelo, olhando para baixo, para não ter de encará-lo novamente.
A armação dos meus óculos amassou completamente, uma das pernas, inclusive, se soltou.
Humilhada e cega... O que mais poderia me acontecer, não é mesmo?
Pois é... Algo mais realmente aconteceu.
Assim que me pus em pé, o corno do motorista arrancou novamente e eu caí de novo, bem em cima de Jason!
Ele ria ainda mais, enquanto me ajudava novamente.
Comentou que só nos encontrávamos em situações dramáticas, que decerto era ele quem não me dava muita sorte.
Fazia muito tempo que não conversávamos, de fato. E como é bom falar com ele, olhando em seu rosto e observando cada um de seus gestos.
Umas duas estações posteriores àquela onde caí pela segunda vez, me convidou para um café.
Pensando bem, o que eu teria a perder? Iria passar a sexta-feira em casa, vendo filme sozinha, mesmo... Mas bem que ele poderia ter escolhido um suco, pois café não me traz boas recordações.
Mas no fim, tudo deu certo.
Nos divertimos muito, tomamos um expresso delicioso e eu ainda comi uma coxinha deliciosa!

Isso é só para me mostrar que por mais que eu tente sair da cola dele, é ele que insiste em ficar me rodeando.

Ai, que saudade!

Jenny

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terça-feira, 4 de maio de 2010
 
Nunca sonhei tanto como na última noite.
Acho que meu espírito é que saiu do corpo e foi dar uma volta por aí, porque não é possível sonhar tanto, lembrar dos detalhes e tudo mais...
Era um roseiral esplendoroso, as flores tinham um tom rosado tão vivo, que quase brilhavam! O campo não tinha fim (ou pelo menos meus olhos não o enxergavam). Aquela cor intensa das rosas contrastava com o azul do céu. Aliás, um tom que jamais poderia ser copiado, só Deus mesmo é que poderia fazer algo tão limpo e tão perfeito.
Eu estava vestida de branco, com os cabelo soltos e sem meus óculos, mas podia ver com nitidez cada detalhe daquela imagem que mais parecia pintura.
Por alguma razão, o sonho me trouxe uma paz inacreditável, como se nada fosse capaz de me atingir. Me sentia livre e capaz de fazer qualquer coisa que quisesse.
Ouvia um som meio distante, como uma música ambiente, e uma voz masculina conduzia a canção.
Comecei a procurar de onde vinha, e parecia que conseguia me aproximar daquela melodia, mas demorei muito a encontrar quem a tocava e cantava.
Era um lindo rapaz, cabelos curtos e levemente cacheados, num tom dourado muito bonito. Seus olhos transmitiam felicidade e seu sorriso aumentava a sensação de paz que tomara que conta de mim. Tinha lábios fartos e bonitos.
Se vestia de branco, como eu, e a camiseta era preenchida por um corpo definido que, se me abraçasse, me faria sentir tão segura que eu poderia jamais sair daquele abraço.
Estava sentado num dos raros espaços entre as roseiras, segurando um violino.
Fiz algumas perguntas sobre o lugar, e queria saber quem era ele.
Algo me intrigava, mas demorei a perceber o que era. Notei então, conforme falava, que sempre parecia escorregadio, respondia com meias frases e palavras nunca tão claras quanto eu gostaria de ouvir.
Mas não importava. Poderia olhar para ele por horas, ouvir sua voz até que não conseguisse mais falar, porque algo naquele cara me fazia sentir feliz e completa.
Aí foi que eu acordei com a estranha sensação de que algo me faltava.
Nunca abro a janela ao acordar, mas nessa manhã, senti vontade de fazê-lo - e fiz.
Quando olhei para o jardim, vi minha roseira com um único botão, prestes a se abrir. E a luz do sol que batia ali, me fazia ver sua cor, num tom rosa tão vivo quanto nas flores do sonho.
Não sei, mas decerto é um sinal divino ou coisa do tipo. E pela primeira vez na vida, não tenho medo, porque aquele moço que cantava no meu sonho, me fazia sentir pronta para qualquer coisa.

Tá certo, parece uma alucinação minha, mas realmente mexeu com algo dentro de mim.

Jenny

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segunda-feira, 3 de maio de 2010
 
Tenho a mais absoluta certeza de que foi aquele chocolate.
Achei que meu estômago iria se desfazer ou, no mínimo, se espremer tanto que acabaria saindo pela garganta.
Por que é que tenta agradar se no fundo só quer me ver pelas costas, não é mesmo?
Ficasse na dela, sei lá! Já fez coisas ofensivas antes, e agora vem com essa?
Certeza que ela fez algum voodoo para que eu passasse mal, como de fato aconteceu.
Ou sei lá... Talvez eu é que julgue mal, e seja tudo invenção da minha mente doentia que morre de raiva e de ciúme.
Mas não é algo que eu consiga controlar! Simplesmente odeio quando quer me mostrar certas coisas, inventar outras e sei lá... Meu estômago dói de novo, só de pensar naqueles olhos gigantescos e assustados e naquela boquinha de chupar bambu!
Como é que pode?
Preciso aprender a me controlar.
Mas como é que eu posso tratar com tanta propriedade de um assunto que nem sequer é meu?
Que vontade de gritar!

Estava com saudade disso aqui!

Jenny

"Olha dentro dos meus olhos, vê quanta tristeza de chorar por ti.
Olha, eu já não podia mais viver sozinho, e por isso eu estou aqui.
De saudade eu chorei, e até pensei que ia morrer.
Juro que eu não sabia que viver sem ti, eu não poderia.
Olha, quero te dizer: todo aquele pranto que chorei por ti, tinha uma saudade imensa de alguém que pensa e morre por ti"
R.C

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Local: Sorocaba, SP, Brazil

Descobrindo, aos 28 anos, que ser mulher é muito mais do que sempre imaginei. Mãe do Mateus, que me ensina tanto todos os dias sobre como ser alguém melhor e que faz o melhor que pode.

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