Querido Jason,
Finalmente a "nossa história" viu seu fim chegar e não foi como nos livros ou nos filmes.
Quem diria não é?
Mas ainda quero que você entenda tudo o que aconteceu e queria poder te dizer isso olhando nos teus olhos, só que já não é mais possível.
Enfim consegui te apagar aqui de dentro. O problema é que toda vez que você passa a borracha no papel, fica uma marca.
Eu te amei, Jason. Te amei muito, até acabar com toda força que existia dentro de mim. E mesmo exaurida continuei tentando.
Fui muito feliz a cada dia daqueles meses em que tive você comigo. Me sentia protegida do mundo e me sentia muito querida.
A sua voz ecoou por diversas vezes na minha cabeça, dizendo que estava apaixonado.
Sabe de uma coisa? Ainda tenho a flor que você me deu e o fax que enviou ao escritório, certa vez, com a letra da "nossa" música. A flor está dentro de um livro de poesias e o fax na minha caixinha de memórias, dentro do armário. E também não apaguei do celular a foto que você me mandou quando eu te disse que não suportava mais aquela situação. Lembra dessa foto? você escreveu em um papel que estava com saudade, colocou nas mãos de um bonequinho que eu te dei (o qual sumiu da sua mesa, mais tarde) e tirou a foto pra me mandar.
As lembranças estão bem vivas aqui dentro, porque foi tudo muito bom. Me lembro de você cantando aquela mesma música do fax, da velha implicante, de você no topo da escada com um copo verde na mão, me observando e de quando você subiu os degraus com pressa, e ao chegar lá em cima, me olhou e desenhou um coração no ar.
Você não consegue imaginar como me doeu cada vez que o telefone tocou e você desligou, ou simplesmente não atendia e depois ignorava as chamadas perdidas.
E doeu mais ainda quando eu te perguntei se ainda gostava ao menos um pouco de mim e você me disse que gostava muito.
Não dá pra entender como alguém gosta e escolhe ficar longe.
Mas o pior foi quando você começou a exibir para os outros as mensagens que ela te mandava e quando disse àquele homem que a sua filha era muita mulher pra você, que te botava medo.
São tantos detalhes e você ainda nega, não percebeu o quão claras são as coisas.
Mesmo quando você nega, deixa claro que está mentindo.
Gostaria também que você soubesse que eu não derramei uma lágrima sequer naquele bar, quando vocês chegaram juntos. Não achei que a situação merecesse.
Também teve o almoço que você mesmo falou pra marcar e depois simplesmente ignorou o assunto. Houve o meu convite que você aceitou e depois deixou pra lá... E olha que eu tinha comprado até um presente pelo seu aniversário.
Falando nisso, me doeu quando você esqueceu do meu aniversário. Eu só queria que você me telefonasse, mandasse uma mensagem, sei lá... Que lembrasse de um dia que pra mim era tão importante, sem eu ter que mandar o aviso.
Aí então, quando eu passei a ficar mais segura, a sentir que não precisava de você, acho que acabei demonstrando isso. E o que foi que você fez? Me mandou mensagem dizendo que sentia saudade.
É fácil querer prender alguém a você quando essa pessoa te quer tão bem. Mas usar o sentimento das pessoas é algo que você não faz, porque não tem esse direito.
Quando você gosta, tem que ser fiel ao seu sentimento.
Acho que o teu maior defeito é colocar o trabalho e o dinheiro acima de tudo e qualquer pessoa. Claro que isso também é importante, mas "deixar pra lá" os sentimentos das pessoas - e aqui não falo por mim - é muito baixo.
Sabe o que ficou parecendo? Que foi interesse profissional, pura e simplesmente. Ou você acha que eu me esqueci dos adjetivos como "louca", "lenta" e "artificial"?
O problema não foi acontecer, mas a forma como tudo ocorreu.
Me senti usada e desprezada.
E imagino que todas as pessoas envolvidas tenham se sentido da mesma forma.
Eu faria tudo por você. Qualquer coisa.
É uma pena que as coisas tenham sido assim.
Parece que foi tudo de mentira, porque depois de tantas delas, eu deixei de saber no que poderia acreditar.
Até que ponto foi verdade?
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