Sobre flores e amores
quinta-feira, 22 de abril de 2010
 
Havia quase dez anos que não via meu pai.
Foi tão estranho vê-lo ali, de pé em frente a mim, me fitando com aqueles olhos verdes, fundos e tristonhos...
A distância é algo engraçado, parece que quanto mais longe alguém fica de você, mais a imagem dela some da sua cabeça.
Quem é que se lembra dos detalhes no rosto da primeira professora?
E não vale olhar fotografias, apenas tente se lembrar.
Os rostos dos colegas de turma vão se apagando, em pouco tempo você mal se lembra daqueles primeiros amigos de trabalho ou dos vizinhos que corriam com você na infância.

Quando o vi, claro que soube quem era, mas com meu pai não foi diferente.
Seu rosto vinha se apagando da minha memória, aos poucos. Afinal, não é isso mesmo que o tempo faz? Ele vinha desvanecendo o rosto de meu pai. Eram lembranças muito tênues.

Esquecer o que é bom deveria ser proibido.
Ir embora também.
Porque você acaba se esquecendo do gosto de um beijo, do calor de um abraço, da proteção de um colo... Não que isso tire o valor do que um dia foi importante, mas é que você não se lembra o que foi que fez aquele fato se tornar especial, mesmo que não esqueça o fato em si.

Parece que meus pensamentos se tornam cada vez mais repetitivos, e que não consigo dar um sentido a eles.

Ver meu pai, depois de tantos anos, me fez sentir saudade.

Uma vez me perguntaram o que me fazia feliz e o que me deixava mal.
A resposta à segunda pergunta, foi "saudade me deixa mal".
E hoje, mais do que nunca, eu entendo o porquê.
Saudade é algo cruel e doloroso.
Mas acho que até isso a gente acaba esquecendo...

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Descobrindo, aos 28 anos, que ser mulher é muito mais do que sempre imaginei. Mãe do Mateus, que me ensina tanto todos os dias sobre como ser alguém melhor e que faz o melhor que pode.

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