"Não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue." Clarisse Lispector tinha mesmo razão, não existe verdade maior.Fiquei o dia todo esperando meu ramal tocar. O dia todinho mesmo. Quando eu finalmente desisti, já estava no caminho pra casa, foi que meu celular tocou!
Pra minha enorme surpresa, desta vez era mesmo ele! Jason me ligando, era algo que eu já tinha desistido de ver um dia.
Me disse que pensou em mim o dia todo, que quis dar um toque lá no escritório mesmo, mas que não deu tempo. Queria ter me falado da tal festa beneficente. Foi mesmo puro sonho acha que tivesse simplesmente pensado em mim. Mas tudo bem, me conformo. Pelo menos lembrou.
Falou que o evento será neste sábado, que o convite já está com ele, caso eu realmente queira ir, pelo valor simbólico de duas pratas.
Claro que eu quero, como não? Mais uma oportunidade de ver aquele sorriso de tirar o fôlego... Só estou em dúvida se compro um ou dois, afinal, tenho receio de me sentir deslocada, sabe? Não conheço ninguém por lá. Amanhã vejo isso com ele, pergunto se posso levar alguém comigo.
Tenho me sentido estranha com tudo isso. Gosto de Jason, na verdade, sou apaixonada por ele. Adoro sua companhia, nossas conversas e cada momento "nosso". E ao mesmo tempo em que adoro essa aproximação, tenho medo de que ele só me veja como uma boa amiga pra sempre. Imagina só, se de repente o vejo com outra! O mundo desaba.
Nunca alimentei nenhum tipo de esperança em relação a ele, mas agora é diferente.
Jason tem um poder mágico de me tirar do eixo. Quando estamos juntos, sei lá, minhas orelhas atraem os cantos da minha boca, e o sorriso besta fica aqui no meu rosto, não sai mais. Na verdade, só de me lembrar de situações, isso já acontece.
Nunca me senti dessa forma, chego a estranhar.
Me dá uma saudade quase dolorida de algo que nunca vivemos. Como se os abraços e carinhos que nunca trocamos, me fizessem uma falta gigante.
Essa ansiedade me mata. Não vejo a hora de começar o final de semana!
Jenny
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