Sobre flores e amores
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
  mil novecentos e sessenta e qualquer coisa.
Há muito não se via um sol tão forte, tão brilhante num céu tão azul e sem nuvens.
As amigas combinaram de ir a nova lanchonete, a tal Twist Burguer vinha fazendo cada vez mais sucesso.
A jukebox do local só tocava músicas animadas, pra cima. Todos os sons que faziam sucesso na época, não paravam de tocar, animando os casais, os amigos e mesmo os que estavam sozinhos.
Além disso, a aparência era muito bonita, só cores suaves como verde água, rosa e azul claro, com fotografias dos Beatles, Elvis e outros artistas.
Chegando lá, as meninas escolheram uma mesa bem próxima à pista de dança, a qual tinha sua volta toda iluminada com luzes coloridas quase nos mesmos tons das paredes. Adoravam o movimento, as pessoas dançando. Era uma atmosfera leve e gostosa de sentir.
Todas pediram sucos: de laranja, melancia, morango e limão.
Claro que, como toda garota, reparavam em todos que entravam e saíam. Mas teve um rapaz, em especial, que chamou a atenção da amiga de vestido preto com bolinhas brancas: entrou com ar seguro, sorriso no rosto, cumprimentou alguns conhecidos. Passou pela mesa das garotas, sorriu novamente, e foi até uma mesa mais ao fundo, onde estavam alguns amigos. Seu olhar era alegre e muito forte. Vestia calça jeans levemente justa nas coxas e seguia mais reta até os pés. Sua camiseta branca também não ficava folgada, pois seus músculos a preenchiam. Seus cabelos estavam bagunçados, decerto pelo uso que fizera do capacete, enquanto pilotava sua moto. Na mão direita segurava esse mesmo capacete preto e na esquerda apenas um anel prateado.
Até seu andar era firme. Qualquer um teria reparado no rapaz, mas não como a jovem fizera.
Ficou reparando no que ele iria pedir. E notou que preferia um cheeseburguer e um suco de limão, como o seu.
Voltou à conversa, mas sem deixar de prestar atenção no movimento na mesa dos rapazes.
- Que é que está olhando? Gostou dele? - perguntou a de vermelho.
- Não é isso... Só o achei... Interessante! Reparou no jeito como entrou? Parecia rei aqui dentro. - respondeu.
- Sei que não. Se quiser, posso chamá-los, o loiro ao lado dele é filho de um amigo do meu pai. - retrucou a primeira.
- Deixe de ser boba, vamos voltar ao que estávamos falando. Quando é que vamos nos organizar para terminar o trabalho de matemática? É para a próxima semana, temos que agilizar.
E conforme as amigas falavam sobre o assunto, sua cabeça parecia não conseguir desgrudar o pensamento do rapaz.

Na outra mesa, o jovem de branco comentava com seus amigos que seu namoro não estava lá essas coisas, a garota achava que ele deveria viver só para ela e mais nada. Mas para ele, o mais importante era a música. Sua vida era isso.
- Como é que eu vou viver sem aplicar minhas aulas de bateria? Me digam! Caras, vocês tem é muita sorte de namorarem meninas compreensivas.
- Eu terminei meu namoro, não aguentava mais a mesma ladainha sobre casamento todo dia. Ainda sou jovem, tenho mais o que fazer, não vou pensar em casamento agora. - disse um dos amigos.
Ao virar a cabeça para a porta, o rapaz reparou na menina de preto e bolinhas. Usava um vestido tomara-que-caia muito delicado. Para complementar, usava um colarzinho de pérolas, tão suave quanto a roupa que vestia.
Algo naquela visão o impedia de retomar o assunto, não queria sequer virar o rosto para os amigos. Podia ficar admirando aquele perfil por horas e horas.

Ela deve ter sentido aquele olhar em sua direção, porque virou suavemente, olhando meio de canto. E foi aí que ele pôde reparar em como a garota tinha belos lábios, parecia que sua boca havia sido desenhada por alguém muito perfeccionista. O pescoço era alongado e os cabelos estavam presos em um rabo-de-cavalo meio alto.
Não houve dúvida: de sopetão, levantou-se e foi em direção a ela.
- Sabe dançar? - disse ele, enquanto apoiava uma das mãos na mesa e a outra no encosto da cadeira dela.
- Mais ou menos... - respondeu, meio sem graça.
- Pois então, vou te ensinar!
Segurou a mão da jovem, e a levantou com rapidez, juntando seu corpo ao dela.
Alguém adivinhou o que acontecia, só pode. Depois de muito tempo que estavam ali, a primeira música romântica da noite começou a tocar.
E não é que o atrevido sabia mesmo como conduzir a garota pela pista?
Cinderella sentiria inveja daquela sintonia e daquela dança.
- Como se chama? - perguntou o rapaz.
- Eu é que deveria perguntar, já que fui raptada da minha mesa... - sorriu sem graça, olhando para o movimento que seus pés faziam.
- É que planejar não tem graça, não é? Você não teria vindo, se eu tivesse me apresentado primeiro.
- Provavelmente estaria mais pronta para uma resposta negativa, você está certo.
- Tenho que saber o que fazer para alcançar o objetivo.
O casal parou a dança. A música continuava rolando, mas para os dois, não havia mais nada.

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Descobrindo, aos 28 anos, que ser mulher é muito mais do que sempre imaginei. Mãe do Mateus, que me ensina tanto todos os dias sobre como ser alguém melhor e que faz o melhor que pode.

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