segunda parteA moça tinha traços grosseiros, mas a voz era de extrema delicadeza, assim como seus modos. Suas roupas cheiravam à comida da fazenda, o que fez Mariela se lembrar da mãe. - Na verdade, estamos mesmo precisando de alguém para de ajudar – disse a moça, enquanto colocava algumas coisas na bandeja. Mariela abriu um sorriso um pouco tímido e perguntou se teria uma chance. - Por que não? – respondeu a garçonete – Espere só um minuto para que eu possa falar com o gerente. Após alguns momentos, ela voltou e sorriu: - A vaga é sua, menina! Mas quanta sorte, não é mesmo? Logo a primeira pessoa que passa aqui perguntando por emprego! Mas me diga, qual é mesmo seu nome? - Me chamo Mariela – seu rosto não escondia a felicidade. - Muito prazer, Mariela. Sou Solange e serei sua companheira de trabalho de agora em diante. Vista esse avental e me acompanhe. Solange entregou um avental de fundo branco e minúsculas bolinhas vermelhas para Mariela, a qual o vestiu prontamente. As duas foram até a cozinha, onde o aroma da comida servida no local era mais acentuado, fazendo a ruivinha se lembrar da infância com muito mais detalhes do que quando entrara no restaurante. - Bom, este é o nosso cozinheiro chefe. Chama-se Paulo, mas para nós, é só Garcia. - Pode chamar como preferir – interrompeu o cozinheiro, sorrindo para a nova colega de trabalho. Mariela sorriu de volta, meio sem graça. Estava tímida diante das pessoas que não conhecia. - E este é Marcelo, que ajuda o Garcia a agilizar tudo aqui na cozinha. - Muito prazer! – Marcelo respondeu, sorrindo abertamente. Seus olhos verdes pareceram duas luzes acesas. - Muito prazer. Sou Mariela. – sorriu de volta. Os olhares se cruzaram, mas não foi assim tão simples. Ambos tinham a sensação de já terem se conhecido. A garçonete pareceu reparar no que havia acontecido, mas fez-se de morta. Poucos segundos depois, chegou uma garota de uns 19 ou 20 anos, meio atrapalhada com uns pedidos e uma bandeja nas mãos. - Chegou quem faltava – brincou Solange – Esta é Verônica, garçonete como nós, um doce de criatura! - Bondade dela – respondeu a menina – às vezes sou bem chata. Mas você se acostuma, prometo. – riu-se - Muito prazer, me chamo Mariela. Espero poder ajudá-las aqui. – sorriu. - Vai poder, posso te garantir! Você viu o movimento de hoje? Isso é pouco comparado aos outros dias. – respondeu Verônica. - Bom, é só vocês me explicarem o que devo fazer, começo imediatamente. As duas foram ensinar o serviço para Mariela, enquanto os rapazes conversavam na cozinha. Paulo comentava sobre a nova colega de trabalho: - Me diz, Marcelão, gostou da menina? Seu sorriso mostrou isso quando a cumprimentou.- Cale a boca, Garcia, nem sequer a conheço. Vá cozinhar, vá. – respondeu, em tom de brincadeira.
Descobrindo, aos 28 anos, que ser mulher é muito mais do que sempre imaginei.
Mãe do Mateus, que me ensina tanto todos os dias sobre como ser alguém melhor e que faz o melhor que pode.