quarta parteAo entrarem no apartamento, Mariela se encolheu em um canto do pequeno quarto, mal conseguia olhar em volta, não queria saber o que estava acontecendo. Os assaltantes pegavam tudo o que conseguiam carregar. Eles gritavam com a jovem, queriam assustá-la. Pareciam sentir prazer com o desespero dela. - Vai logo, cara! Não está vendo que alguém vai acordar? – reclamava o mais alto deles. - Se você ficar quieto e fizer sua parte, eu não preciso correr com tudo! Larga a menina chorando aí no canto, depois a gente vê o que faz com ela! – respondeu o outro. - Olha, eu consigo pensar em muitas coisas para fazer com ela! – apenas seus olhos estavam de fora, e quando disse isso, pareciam pegar fogo. - Calma aí, cara! A gente só veio pegar essas coisas! O combinado era não fazer mal a ninguém! – o assaltante se assustava com o brilho estranho nos olhos de seu comparsa. - E quem te disse que eu farei mal a ela? Toda mulher adora o que eu faço. – havia uma malícia assustadora em seu tom de voz. Mariela se assustava cada vez mais. Seu desejo era sumir dali. Sentia nojo das coisas que ouvia, queria ter forças para expulsar os intrusos de sua casa. Ao pegarem tudo o que havia lá dentro, os bandidos foram em direção à porta. O mais alto parou e olhou para a menina, encolhida como se quisesse se esconder. Chegou perto dela, se agachou e a segurou pelo braço. O outro tentou puxá-lo, mas foi inútil. Ele parecia aprisionado, não conseguia parar de encarar a menina. Empurrou o companheiro, que caiu no chão, derrubando um móvel que apoiava um abajur. A queda fez um barulho alto, que acabou acordando o vizinho do apartamento de baixo. O assaltante levantou a jovem com força, machucando-a. Jogou-a na cama, e Mariela começou a gritar, desesperada. O vizinho, que havia acordado, ouviu os gritos apavorados e chamou a polícia. Em poucos minutos, enquanto o homem tirava a camisa, ouviu-se uma sirene. Ele continuava com a máscara, mas podia-se ver que a expressão em seus olhos mudara de uma malícia maldosa para pavor. Não era apenas um medo comum. Era muito mais. Parecia ser algo quase fora da realidade, um misto de medo e loucura. Imediatamente parou com o que estava fazendo, vestiu a camisa e tentou sair pela escada de incêndio. Como já era esperado, o prédio estava cercado. Os bandidos conseguiram correr por algumas quadras, até que a polícia os cercou. O homem louco sacou uma arma e puxou seu comparsa, segurando-o pelo pescoço, como se quisesse dar um golpe. Apontou o revólver na cabeça do outro. - Se vocês tocarem em mim, eu atiro nele e depois me mato! – gritava o assaltante. - Que é isso, cara? Somos companheiros, não faz isso, não! Pelo amor de Deus! – desesperava-se a nova vítima. A polícia tentava negociar a vida do homem, diziam que não adiantaria nada tomar aquela atitude precipitada. O bandido tremia incontrolavelmente e suava muito. Estava visivelmente em pânico.De seu apartamento, Mariela ouviu um estrondo.
Descobrindo, aos 28 anos, que ser mulher é muito mais do que sempre imaginei.
Mãe do Mateus, que me ensina tanto todos os dias sobre como ser alguém melhor e que faz o melhor que pode.