Sobre flores e amores
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
  primeira parte
Quinta-feira chuvosa. Pela janela, via-se o clarão provocado pelos relâmpagos, e as portas tremiam com o estrondo de cada trovão.
Mariela acordou de madrugada, por causa do barulho. Estava assustada, decerto tivera um pesadelo. E já que estava de olhos bem abertos, começou a pensar na vida.
Lembrou de tempos em que vivia na fazenda, tinha seus 9 ou 10 anos.
As imagens eram muito vivas em sua memória. Podia ver seus cachos ruivos sendo balançados pelo vento, que também soprava seu rosto cheio de sardas e cortava seus lábios. Usava uma roupa de frio verde musgo, que ressaltava seus olhos cor de mel. Mariela e seu irmão, Pedro, corriam atrás dos patos, e adoravam o jeito desengonçado destes animais.
Todos os dias, ao meio-dia, sua mãe os chamava para o almoço. Naquele dia, em especial, tinha feito a comida favorita da menina – arroz, feijão e polenta. Só de sentir o cheiro, o estômago já reclamava de fome.
Eram bons tempos. Não conheciam a modernidade, nem tampouco as diferenças entre o campo e a cidade. Mas foi aos 17 anos, quando terminou o ensino médio, que Mariela resolveu se mudar para São Paulo. Escolheu uma cidade do interior que de pequena não tinha nem sequer o nome. Foi estudar Medicina Veterinária.
O maior sonho daquela menina criada na fazenda era cuidar de animais.
No começo, nada foi fácil, mas ela já o previa. Obstáculos não foram criados para serem superados facilmente, era isso o que sua mãe dizia. Achava que tinha que enfrentar de cabeça erguida e aprender com cada passo que desse. E a menina-moça seguia os mesmos passos.
Mariela conseguiu, a muito custo, ingressar na faculdade. Estudara muito, perdera noites e mais noites de sono, pois sabia que a educação que tinha recebido era precária, comparada aos níveis de ensino da cidade.
O primeiro passo tinha sido dado. Agora faltava um emprego que lhe garantisse o sustento. Chegara à parte mais difícil, pois não tinha experiência com nada além de alimentar porcos e correr atrás das aves.
No primeiro dia de busca passou por um restaurante onde uma placa dizia que serviam comida caseira. Resolveu entrar e logo se deparou com uma gente simples – tanto quanto ela própria. Aproximou-se da primeira garçonete que avistou e perguntou se havia alguma chance de trabalho por ali.


[continua...]

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Descobrindo, aos 28 anos, que ser mulher é muito mais do que sempre imaginei. Mãe do Mateus, que me ensina tanto todos os dias sobre como ser alguém melhor e que faz o melhor que pode.

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