Sobre flores e amores
quinta-feira, 11 de junho de 2009
  As flores não nascem no inverno I
Sul do Canadá, inverno de 1985.

Fazia
muito frio, afinal, era inverno.
Ao olhar pela janela, podia-se ver a neve caindo suavemente. O chão possuía um cobertor branco, que aos olhos do observador, parecia muito pouco aconchegante. As árvores já não tinham mais folhas, os pássaros se escondiam e as crianças se divertiam com seus bonecos de neve.
Decerto, era a estação mais agradável entre as quatro, e aquela paisagem podia ser comparada a um sonho. Fazia tempo, não se via um ambiente tão claro e cheio de alegria.
Ele resolveu sair de casa.
No caminho para o mercado, havia pessoas e máquinas limpando as ruas e entradas das casas.
Ao passar por uma praça, que outrora tinha muitas flores e casais, observou uma menina que segurava uma bola. Tinha uns dez anos de idade. Usava um gorrinho vermelho, fazendo um belo contraste com seus cabelo longos e negros, e sua pele branca. Algumas sardas logo abaixo dos olhos verdes, a deixavam com ar de criança travessa. Sorriu para ele. Seus dentes eram levemente separados e a boca era vermelha.
Sorriu de volta, como se quisesse dizer a menina a sensação que ela lhe causara.
A pequena continuou a brincar, e o rapaz seguiu seu caminho.
Chegando ao mercado, notou que não sabia o que queria. Lembrou-se da garotinha. Pensou em várias coisas que poderia dar a ela: talvez gostasse de uma boneca, ou talvez achasse muito infantil. Então, quis levar-lhe uma bola, mas lembrou-se da que ela segurava na praça. Talvez um carrinho fosse uma boa opção, mas qualquer um percebia que não era brinquedo de menina.
Após muito pensar, chegou a conclusão de que levaria um cachorrinho de pelúcia. Era branco, tinha orelhas compridas e segurava um coração vermelho. Disso sim, ela gostaria!
Comprou também uma caixa com algumas gravuras delicadas, e logo que pagou os produtos, já embalou o presente.
Na volta para casa, apressou o passo, pois estava ansioso pela reação da menina.
Ao passar novamente pela pracinha, notou que a garota não estava mais ali. O jeito era esperar que a encontrasse novamente.
Continuou seu caminho, com a caixinha debaixo do braço esquerdo, e a mão direita no bolso do casaco.
Ao entrar em casa, fazendo algum barulho com a porta, ouviu uma vozinha suave:
- Papai, até que enfim você chegou! Estou morta de fome, vamos fazer o jantar?
Ele sorriu abertamente, e olhou para ela, apaixonado. Aqueles olhinhos verdes o fitavam fixamente, esperando uma resposta.
- Vamos, querida! Mas antes, olhe o que te trouxe - disse o rapaz, enquanto entregava o presente.
- É lindo, papai! - A menina estava visivelmente emocionada com o agrado - É menino ou menina?
- Você é quem decide, meu amor. Ainda não descobri!
- Então vai ser menina, vou chamá-la de Megan.
Fez-se um silêncio perceptivelmente dolorido, e os olhos de ambos se encheram de lágrimas.
Tentando conter as emoções, ele disse:
- É um lindo nome, querida. Mas agora, vamos preparar o jantar, também estou com fome. Leve Meg conosco, ela pode observar.
E foram para a cozinha, fazer panquecas.

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Descobrindo, aos 28 anos, que ser mulher é muito mais do que sempre imaginei. Mãe do Mateus, que me ensina tanto todos os dias sobre como ser alguém melhor e que faz o melhor que pode.

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