Sobre flores e amores
quarta-feira, 13 de maio de 2009
  O amor de Lívia
É papo longo, por isso se prepare. Separe um copo de leite com Nescau, uns biscoitinhos e alguma música relaxante, pois vou lhes contar a história de uma menina de nome Lívia, e que de leve e bonito, não tinha só o nome.

Era ainda, o que se pode chamar de pré-adolescente. Uns 13 anos, mais ou menos. Muita coisa a descobrir e a viver, muita gente para amar, corações a machucar e também muita coisa para suportar.
Era a fase de sonhar com príncipes em cavalos, histórias perfeitas com finais felizes.
Não era o tipo que os rapazes gostavam. Magrela, meio desajeitada, de pele bem clara e cabelos negros cortados na altura dos ombros, sempre desalinhados. Usava óculos e aparelho nos dentes, e suas roupas sempre pareciam largas.
Me lembro como se fosse hoje da expressão no seu rosto quando eu o apontei. "Olhe, Lívia, como ele é bonito!", e de fato era. Cabelos dourados como o mais puro ouro, meio desajeitados pelo vento. Tinha belos olhos castanho-esverdeados e um sorriso... Ah!, que sorriso! Poderia desarmar qualquer pessoa. Conversava alegremente com um amigo quase tão bonito quanto ele, pouco mais baixo, moreno de olhos muito profundos. Mas era ele - e somente ele - quem chamava a atenção.
Lívia parecia ter encontrado tudo o que havia sonhado, seus olhos ficaram vagos, observando cada passo que ele dava. Tinha um sorrisinho besta nos lábios, que por sinal, se mexiam um pouco, como se quisessem dizer algo, mas não achassem as palavras.
E continuamos subindo aquela escada do colégio, sem dizer uma palavra. Ela não quis admitir, mas estava apaixonada, e foi bem à primeira vista, como nas histórias que planejava antes de dormir.
Fez o que pôde para conhecê-lo, usou a internet para tentar se aproximar, mas nada dava resultado, nem seu nome havia descoberto. Queria a todo custo que ele a notasse, mas decerto muitas meninas faziam o mesmo, e ele passou a não se importar com nenhuma delas. Tempos depois, fiquei sabendo que era apaixonado por uma menina da sala dele, que não era tão bonita, tampouco simpática. Sabe-se lá o que ele viu nela, mas, como minha amiga, também não era retribuído no sentimento.
Os anos se passaram e ele foi para a faculdade. Lívia ficou um ano todo sem vê-lo, mas pensava nele todos os dias.
Quando minha amiga chegou aos 18, parecia outra pessoa. Como tinha ficado bonita a danada! Curvas de fazer inveja a qualquer mulher, sempre muito bem arrumada e agora, com óculos mais delicados e sem o aparelho dentário. Era dona de um charme irresistível, e de uma inteligência de deixar qualquer um de boca aberta.
Certa vez, num feriado que ele veio passar em nossa cidade, me lembro de termos cruzado com ele no shopping, saindo do cinema. Ele, é claro, olhou para Lívia, era normal. Todos olhavam. Ela, por sua vez, tentou ser indiferente, mas reparei no olhar tímido que lançava ao moço.
Bom, não sei direito como foi, mas sei que os dois acabaram se conhecendo, criando alguns laços de amizade e quando ela estava para completar 20 anos, eles se beijaram.
Foi dentro de um cinema, vendo algum filme de ação. Pelo que eu soube, foi natural, simplesmente aconteceu.
Depois disso, ficaram juntos algumas vezes, mas minha amiga nunca soube o que ele de fato sentia. Doía nela quando as outras meninas se insinuavam. Morria de medo que ele gostasse mais delas.
Lívia o amava.
Perdi contato com ela, não sei se aqueles planos de felicidade ao lado dele foram concretizados, mas espero que tenha conseguido.
Esses dias foi que me lembrei bem dela. Lívia decerto amou, sofreu e quase morreu de insegurança. Acho que aquela fase magrela deve tê-la traumatizado. Sempre achava que as outras eram melhores.
Se ele a tivesse trocado, não quero nem imaginar! Decerto teria morrido de amor.
Agora imagine, você: gostar de alguém desde os 13 anos, passar a vida amando a mesma pessoa. Não sei se acho bonito ou se acho triste. O fato é que sempre torci muito por Lívia. Era alguém que merecia muito ser feliz, e achar alguém como aquele cara, era seu sonho. Hoje, enquanto escrevo, parece que consigo enxergar os dois numa cozinha, fazendo o almoço de domingo, com umas duas crianças brincando por perto. Eram feitos um para o outro, e espero que ele tenha enxergado isso também, e que tenha feito minha amiga muito feliz!

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Descobrindo, aos 28 anos, que ser mulher é muito mais do que sempre imaginei. Mãe do Mateus, que me ensina tanto todos os dias sobre como ser alguém melhor e que faz o melhor que pode.

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